Através de minhas tranças
Entrelaço meus desejos
Minhas conquistas
Minhas lutas
Embaraçado meu cabelo?
Não!
Crespo sim!
Duro?
Também não.
Meu cabelo não fez mal a ninguém
Para ser ruim
Em minha cabeça
Trago as cores da mãe África
Minha ancestralidade
Nagô, dread, enraizadas...
Como o preconceito
As mulheres me olham com desprezo
Os homens me olham com desejo
O que dizem exótico
Explode , arde, encanta
Minhas agonias estão expressas em minhas tranças
Como diz o poeta Akins Kintê :
O duro não é o cabelo
O duro não é o cabelo
São as mazelas da sociedade
Que me apontam na rua
Como se eu tivesse cometido um erro
Perguntam com ar de nojo e desprezo
Se eu lavo os meus cabelos
Se me julgam maconheira, macumbeira
Eu não ligo
Trago no sorriso
A resistência de u m povo sofrido
De cabeça erguida modelo minhas tranças
Em cada punhado crespo um desejo de esperança
Alisa, estica!
Prende esse cabelo menina!
Não é isso que eu quero
Pra minhas pretinhas....
Joyce Fernandes
(escrita: voltando pra casa depois da facul,cansada e de busão lotado as 11:38hrs. No dia 23/03/11)
2 comentários:
Muito bom! Axé ntu!
Sensasional
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